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Relação do consumo elevado de proteína com patologia renal

Numa dieta hiperproteica há um maior consumo de proteínas e gorduras, aliado a uma baixa ingestão diária de hidratos de carbono. Valoriza carnes, laticínios e verduras, e praticamente exclui hidratos de carbono simples ou complexos, assim como a maioria das frutas.

Uma das maiores preocupações de quem segue uma dieta hiperproteica, seja para perda de peso ou para aumento de massa muscular, são as possíveis implicações a nível da função renal. No entanto, os poucos estudos em pessoas saudáveis não mostram que consumo proteico elevado possa influenciar de forma negativa a função renal.


Em 1982 Brenner pesquisou se o consumo elevado de proteína poderia levar à danificação dos rins através de um aumento da pressão intra-glomerular e hiperfiltração. Verificou que este stress provocaria alterações nos rins que, com o tempo, levariam a uma esclerose progressiva e declínio da função renal. De facto, o consumo de proteína, através de alimentos ou via intravenosa, aumenta consideravelmente a taxa de filtração glomerular. Além disso, uma dieta rica em proteínas parece agravar indicadores comuns da função renal em indivíduos com doença pré-existente. É importante sublinhar a diferença entre um agravamento de indicadores da progressão da doença, já instalada, com o fator causa da patologia.


Em 1999 foi realizado um estudo num grupo de indivíduos saudáveis e com uma taxa de filtração glomerular normal. Verificou-se uma maior taxa de filtração glomerular na dieta hiperproteica, acompanhada por um aumento no volume dos rins. Este aumento parece ser uma adaptação normal à carga proteica de forma a manter uma taxa de filtração glomerular específica constante sem indicações de um efeito adverso na sua funcionalidade.


Em indivíduos de risco ou com doença prévia, poderá ser importante manter um consumo moderado de proteína de forma a abrandar a progressão. É importante reforçar a ideia de que a dieta no seu todo é provavelmente mais importante do que a quantidade de proteína em si, dentro dos limites do razoável. Um consumo elevado deve ser compensado com vegetais e frutas de forma a compensar a “carga ácida” das dietas hiperproteicas.


Quando relacionamos com a atividade física, há diferenças em indivíduos ativos ou sedentários. Em indivíduos ativos existe maior aproveitamento da proteína para síntese proteica e consequente formação de massa muscular, minimizando a função do rim através das vias de excreção. Na verdade, estudos em ratos sugerem que o treino de força impede a hipertrofia renal muitas vezes associada às dietas hiperproteicas.


Em resumo, as dietas hiperproteicas parecem ser seguras dentro dos limites razoáveis em indivíduos saudáveis, que se poderão situar nos 2-2.5 g/kg, ou mesmo mais, por períodos específicos, dependendo do objetivo e quando associadas a treino de força. Poderá ser uma estratégia eficaz de otimização da composição corporal, perda de peso, ou ganho de massa muscular. De qualquer forma, a monitorização da função renal deve ser feita periodicamente. A insuficiência renal é assintomática nas fases iniciais. É a altura ideal para um prognóstico favorável da doença com o diagnostico atempado.


Por: Maria Carlos Marcelo, Nutricionista do clube de saúde Kalorias Seixal, membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas nº1657N.

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