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KALORIAS

Agachamento e os joelhos

É REALMENTE PREJUDICIAL O AVANÇO DOS JOELHOS SOBRE OS PÉS NA REALIZAÇÃO DE UM AGACHAMENTO?


É muito frequente a seguinte afirmação: “deixar os joelhos avançar sobre os pés no agachamento é perigoso”. Será que é mesmo assim? A resposta é…depende!


O agachamento é um padrão de movimento muito utilizado no dia-a-dia (caminhar, subir e descer escadas, sentar e/ou permanecer em pé) logo a sua prescrição torna-se fundamental. Existem diferentes técnicas para a execução de um agachamento: posição dos pés e respetivo ângulo; profundidade; aplicação da carga externa. No entanto, de forma geral, podemos descrever um agachamento da seguinte forma (considerando que cada variante do agachamento pode sofrer alterações na sua realização e necessidades (Lorenzetti et al., 2018):

  • Posição dos pés à largura da cintura, ou, ligeiramente mais afastados (depende do atleta e/ou do objetivo para o exercício);

  • Joelhos alinhados com os pés em todo o movimento;

  • Anca desloca-se para trás e para baixo;

  • Manutenção da linha média (tronco o mais vertical possível);

  • Olhar em frente.


De facto, quanto mais profundo o agachamento maior é a necessidade de os joelhos avançarem sobre os pés. No estudo de (Fry et al., 2003) verificou-se que se existir uma restrição no movimento anterior dos joelhos sobre os pés, existe um menor stress sobre os mesmos, no entanto, existe uma transferência exponencial de stress inapropriado para a anca (i.e., região lombar). Mais tarde, (Schoenfeld, 2010) verificou que a magnitude do stress sobre os joelhos no movimento anterior destes sobre os pés, não é suficientemente prejudicial (mesmo utilizando cargas pesadas).


Desta forma, não existe a necessidade de restringir o avanço dos joelhos sobre os pés, embora, seja aconselhável que esse avanço não seja excessivo, mas sim, natural. No caso de atletas que sintam dor anterior no joelho e/ou que tenham algum historial de lesão nesta articulação, podem beneficiar na restrição do movimento anterior do joelho (aconselhável movimentos de agachamento que não impliquem tanto movimento anterior do joelho) (Rudavsky & Cook, 2014).


Em suma, seja natural e não comprometendo a técnica do exercício, passar a linha dos joelhos sobre os pés não é prejudicial durante o exercício de Agachamento. A prescrição do agachamento e as suas demandas (i.e., variantes) deve ser baseada no historial clínico e físico do indivíduo em questão, de forma a garantirmos uma execução técnica segura, eficaz e eficiente.



Escrito por: Luís Alcobia, Personal Trainer

Licenciatura em Ciências do Desporto

Crossfit Nível I

Treinador de halterofilismo



Bibliografia:

Fry, A. C., Smith, J. C., & Schilling, B. K. (2003). Effect of Knee Position on Hip and Knee Torques during the Barbell Squat. Journal of Strength and Conditioning Research, 17(4), 629–633. https://doi.org/10.1519/1533-4287(2003)017<0629:EOKPOH>2.0.CO;2


Lorenzetti, S., Ostermann, M., Zeidler, F., Zimmer, P., Jentsch, L., List, R., Taylor, W. R., & Schellenberg, F. (2018). How to squat? Effects of various stance widths, foot placement angles and level of experience on knee, hip and trunk motion and loading. BMC Sports Science, Medicine and Rehabilitation, 10(1), 14. https://doi.org/10.1186/s13102-018-0103-7


Rudavsky, A., & Cook, J. (2014). Physiotherapy management of patellar tendinopathy (jumper’s knee). Journal of Physiotherapy, 60(3), 122–129. https://doi.org/10.1016/j.jphys.2014.06.022


Schoenfeld, B. J. (2010). Squatting kinematics and kinetics and their application to exercise performance. In Journal of Strength and Conditioning Research (Vol. 24, Issue 12, pp. 3497–3506). J Strength Cond Res. https://doi.org/10.1519/JSC.0b013e3181bac2d7

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